A sombra dos outros

A sombra dos Outros é uma criação multidisciplinar do Grupo Desvio de Brasília que propõe o intercâmbio criativo entre artistas de teatro, cinema e artes visuais para a concepção de uma obra que oscila entre os conceitos de instalação, time-based media, performance art, cinema e teatro. Inspirado no romance Memórias do Subsolo de Fiódor Dostoiéviski, o projeto busca um diálogo com a cidade, afetar e ser afetado por ela, a fim de entender o que seria e o que pode ser caracterizado como subsolo-submundo, quem são as pessoas desse espaço e como elas agem perante o contexto político em que estão inseridos.

O projeto tem uma estrutura que é recriada a partir do contato específico em cada cidade que é apresentado, incorporando não apenas elementos estéticos, mas também de criação na qual cineastas, músicos e artistas do universo underground poderão contribuir com a criação e performance. Apesar de ter  sido apresentado num espaço teatral em Nova Iorque e numa galeria de arte em Kingston-NY, a estrutura do projeto foi pensada para se adaptar à diferentes tipos de espaços e contextos. Importante enfatizar que não se trata apenas de uma apresentação performática, mas também de uma exposição-instalação que poderá ser visitada pelo público, seja no mesmo dia da apresentação e no palco ou num outro espaço com horário de visitação. A criação foi estabelecida durante a pesquisa de pós-doutoramento do diretor Rodrigo Fischer no Departamento de Performance Studies da New York University em Nova Iorque entre junho de 2017 e julho de 2018, supervisionado pelo pesquisador André Lepecki.

A proposta de A sombra dos outros é de ressignificar possíveis correlações entre corpos, objetos, imagens, sons e arquiteturas por uma perspectiva que jogue luz na tensão política inerente do direito à cidade e à mobilidade em oposição às nossas prisões sociais e escuridões subjetivas.  O objetivo é de dar visibilidade à corpos, objetos, imagens, sons e arquiteturas que são descartados, invisibilisados, oprimidos, inutilizados, tortos e que perderam seu valor social, utilitário ou estético. Quem somos diante da cidade dentro de um contexto capitalista neoliberal? Considerando o âmbito político, quem vive atualmente nos subsolos? De que forma estar no subsolo afeta nosso comportamento e como nossas atitudes no subsolo afetam a cidade? De todas essas perguntas, a que mais movimenta a proposta é em como enxergar as pessoas, as arquiteturas, as imagens e os objetos por diferentes perspectivas, subvertendo parâmetros socioculturais e reconfigurando nossa relação com a cidade.

Até o momento, foi apresentada a versão de Nova Iorque e atualmente a versão de Brasília está em processo de criação. Em outras cidades, importante mencionar que a obra será composta por objetos, retratos fílmicos, sons, textos, listas, placas e mapas aleatórios, reunidos e coletados durante a inserção da equipe artística na cidade pelo período entre duas ou três semanas. Nessas semanas, o diretor do projeto Rodrigo Fischer, juntamente com um cineasta e um artista visual local farão uma imersão na cidade para registros que integrarão a videoinstalação; entrevistas e retratos que ajudarão a compor a dramaturgia; coleta de objetos que serão ressignificados na instalação e utilizados na apresentacão, com curadoria e concepção do artista local; encontro com músicos, grafiteiros, artistas e pessoas do universo underground que queiram participar do projeto.

O vídeo-designer Fernando Gutiérrez será o responsável por pensar a integração dos vídeos no espaço, seja mapeando arquiteturas do local de apresentação ou em telas pensadas dentro do espaço, além de organizar possíveis interatividades dos espectadores.  O desenho de som será feito por César Lignelli a partir dos sons coletados em cada cidade e por trilhas compostas por artistas locais. Outras instâncias criativas serão concretizadas a partir do contato com artistas locais. A obra final será configurada com a integração da videoinstalação, da exposição/instalação dos objetos e da performance.

Concepção, direção e performer: Rodrigo Fischer

Direção artística (Versão Nova Iorque): Yasmin Santana

Cineasta (Versão Nova Iorque): Peter Azen

                                                       PROJETO                  PRESS